
Arredor transposto
A recriação do corpo, também rosto.
Salvo à parte a altura da via, a constante presença evoca os preconceitos das formas, numa intimidade desconhecida, separada por mãos que repentina e cruelmente colidem no céu. Terá sido a pressão a provocá-lo!
Um corpo mesa, que ao encontro da coincidência, envolveu-se com toda a matéria retida num frágil suporte. Deu-se uma catástrofe!
Serão as nuvens um apontamento intencionalmente plano, ou uma transparência das palavras? É seguro que focam em excelência, o costume do corpo num silêncio espreguiçante, em linha recta com um preciso momento de lucidez, em ressurgimento do equilíbrio, como uma enorme viga sustentável.
Em momentos de descanso, o corpo húmido transforma-se em terracota limpa aglutinando a distância da claridade, numa pausa. Até a profundidade de um qualquer rio que atravesses.
Essa tranquilidade em que me instalei, aceite, não foi por mim construída, daí os elementos rebeldes. Era um mosaico exposto sem razões.
toque subtil, corpo, escrita húmida, de ti em escultura...Quero tudo!
Depois a margem da manhã, com um espelho de água onde acontece o fascínio do encontro, com uma energia de culpa formada pela transgressão. A corrente é um marginal desejo de rotatividade, com exemplar precisão, e por isso dia-a-dia.
O corpo que plana, peregrino...
... única resposta à poesia concretizada, pelo caminho da serventia.
uma criação?... em todas as palavras não ditas encontro pelo tacto todos os erros numa correria de imagens.
Não consigo sequer fechar os olhos, por causa do vento!
Porém, mantém-se uma oferta. A de um corpo-mar, com um sabor de salgado, pesquisa realizada que a água permitiu no início do amanhã.
- És visitante?
- Sou. E também concha.
A superação do corpo, descontraído por um segundo respeitante ao tempo/coro, pelo percurso da corrente onde apreendo o arredor transposto, pelo corte que acho feito.
- Então fica e engrandece a corrente encontrada.
Encontro a imensa exactidão do fluxo.
- E o sangue?
- É apenas uma revolta do poder concedido. O corte é pequeno, pela leitura que faço das veias atravessantes. Bebe com sabor esta água, que depois do lago, dá-se a reunião das partículas.
Bebo, mas com sabor a vinho. Uma causa de acidente? Tal como a energia seduzia o oráculo das consequências, nos elementos que se transformavam em si mesmos.
Será por isso que o desejo movimenta o solo. Porque reforça a conclusão, surpreso.
Torna-se entendível o diálogo vital e incontido aguardo. De súbito, a vaga que se revela enchente e ensopa o cuidado do chão, cria a fronteira que compreende um muro dado às coisas da intenção e da conquista.